Espécie em extinção: Ação pioneira leva técnicas de reprodução artificial para salvar muriquis
Mais uma vez, o Ibiti Projeto demonstra seu esforço e grande preocupação em preservar a biodiversidade, ao investir em um projeto inédito de reprodução artificial com muriquis-do-norte, os maiores primatas das Américas, que estão criticamente ameaçados de extinção. Um grande desafio que está apenas começando.
Em julho, uma equipe de biólogos, veterinários e demais especialistas se juntou ao Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), totalizando 24 profissionais, para realizar a primeira etapa desse processo com os animais que vivem na Muriqui House, no Ibiti.
“Coletamos e armazenamos o sêmem dos dois machos, Bertolino e Luna, utilizando a tecnologia avançada já aplicada em animais de criação, e fizemos check-up completo nas três fêmeas em idade reprodutiva – Socorro, Nena e Ecológica -, que estão saudáveis e aptas a receber uma inseminação assistida ou embrião fecundado in vitro”, explica Fernanda Tabacow, coordenadora do MIB. “Nossa expectativa otimista é obter uma fêmea grávida daqui a dois anos se tudo correr bem”, adianta.
Cada muriqui conta
Este esforço conjunto envolve parcerias com as universidades federais de Viçosa (MG) e Campo Grande (MS), a ONG Reprocom (especializada em reprodução de mamíferos silvestres para salvar espécies ameaçadas), com suporte financeiro do Ibiti Projeto e da Funbio.
“O que estamos fazendo hoje é entender melhor a biologia desses animais e poder reativar o processo de reprodução e nascimento de novos filhotes, para que o grupo cresça e a gente consiga atingir o objetivo final, que é reintroduzi-lo na natureza. É um trabalho pioneiro e um importante passo para o desenvolvimento de estudos sobre a reprodução artificial em animais silvestres”, destaca o biólogo Fabiano Melo, conselheiro do MIB e professor da UFV.
Os muriquis-do-norte hoje vivem em florestas fragmentadas da Mata Atlântica, em Minas e Espírito Santos, com uma população reduzida a menos de mil indivíduos no total.
Muriquis do Ibiti passaram por exames de sangue, de imagem, entre outros para uma avaliação completa de saúde