No dia 27 de agosto celebramos o Dia do Ibiti e o Dia do Muriqui, o maior primata das Américas e espécie em perigo crítico de extinção. Para o Ibiti, a data tem um significado especial: foi aqui que nasceu o Muriqui House, projeto inédito de preservação do muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus).
Tudo começou com a determinação de Carlinhos Repetto, fundador do Ibiti Projeto. Por meio de relatos de moradores da região, ele sabia que ainda havia muriquis vivendo na Mata do Luna, área ameaçada por desmatamento. Depois de uma incansável busca, Carlinhos conseguiu fazer o primeiro registro fotográfico de um muriqui-do-norte na região, em 2002, confirmando sua ocorrência.


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Destino transformado
“Eu já procurava esse macaco há anos”, relembra Carlinhos. “Esse registro, foi muito importante. Tá na contracapa do primeiro livro ‘Reserva do Ibitipoca’. A foto do macaco da capa é do Araquém (Alcântara). Quando você abre o livro, aí tem uma foto em preto e branco, grande, do macaco, que foi o primeiro registro fotográfico.”
Na época, Carlinhos encontrou árvores em plena florada de muricis, alimento dos macacos, marcadas para serem derrubadas. Ele procurou o dono da área e, com apoio do primo Renato Machado, um dos idealizadores do Ibiti, conseguiu comprar a Mata do Luna. Esse gesto foi decisivo: garantiu a preservação da floresta e deu início a um projeto de conservação que ecoa até hoje.
“Ali começou tudo”, diz Carlinhos. “Bradei aos sete cantos que era preciso preservar.” E assim nasceu a história de proteção dos muriquis no Ibiti.
Hoje, passadas quatro décadas, a luta pela sobrevivência do muriqui continua. O Ibiti Projeto segue com ações de regeneração e conservação, com iniciativas inéditas como o projeto Muriqui House, desenvolvido em parceria com o Muriqui Instituto de Biodiversidade – MIB. Um passo histórico para garantir o futuro da espécie.
Celebrar o Dia do Muriqui é sobretudo celebrar a coragem e a visão de quem acreditou que a preservação da natureza pode transformar destinos.