Você está curtindo o fim de tarde com o belo visual da Serra do Ibitipoca a sua frente, quando de repente entram, cantando e dançando, cerca de 20 integrantes do grupo de congado de Santana do Garambéu.
A convite do Ibiti Projeto, o grupo pede licença para compartilhar uma tradição que vem sendo preservada há décadas, passada de geração em geração. E apresenta suas histórias no restaurante Yucca, no Mogol, para um grupo de hóspedes e a comunidade.
O congado é uma manifestação cultural e religiosa afro-brasileira que remonta ao período colonial, surgindo como uma forma de resistência e preservação das identidades africanas. As danças e cantos populares, ao som de tambores, chocalhos nos pés, pandeiros e sanfonas, relembram os antigos versos entoados pelos negros, celebrando os santos católicos, especialmente São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, padroeiros dos negros no Brasil.
Em alguns momentos, o público também foi convidado a participar, entrando na roda e se unindo ao ato, o que reforça o caráter comunitário e inclusivo da celebração.
Resistência e legado
“Eu continuei com o grupo, que foi fundado por meu avô, João Domingo da Silva, e seus companheiros há mais de cem anos. A gente dançava descalço e com lenço branco na cabeça. Na minha família, éramos de 12 a 15 componentes, e hoje só resta eu. Tento passar para os mais novos. Não me entrego,” relata João Domingo Neto, com seus mais de 80 anos, emocionado ao ver seu esforço valorizado e admirado.
Assim, o Ibiti Projeto mantém vivas as raízes culturais, reconhecendo a importância de aprender com o passado, viver o presente e reimaginar o futuro.